Significado e Interpretação dos Rácios
Económico-Bolsistas
Os Rácios Económico-Bolsistas são os que constam na tabela da página anterior. É
importante ler também a página do Significado e Interpretação
dos Rácios Económico-Financeiros, pois muitos desses rácios estão
relacionados com os da presente página.
Primeiro, vejamos os dados ou rácios que estão nesta página que dependem apenas das
cotações bolsistas e não dependem de quaisquer dados económicos ou de balanço.
Chamemos-lhes Não Dependentes do Balanço; não são propriamente
"económico-bolsistas" mas estão incluídos neste conjunto apenas por razões
de organização do software da Plataforma Finbolsa. Esses dados ou rácios bolsistas são
calculados tanto para acções de empresas como para outros valores (índices bolsistas,
mercadorias, futuros, etc).
1. Dados e Rácios Não Dependentes do Balanço
A Cotação e a Quantidade na sessão dizem respeito à
última sessão de Bolsa (a data da sessão aparece acima na página). O mesmo acontece
com a Abertura, Máximo, Mínimo e Fecho.
A Cotação Anterior é a cotação na última sessão de Bolsa em que a
empresa ou valor transaccionou. Um "E" indica euros. A Variação de
Cotação na Sessão indica a variação em percentagem da cotação em relação
à cotação anterior. O Turnover na Sessão é simplesmente o produto da
cotação pela quantidade.
Há ainda a Cotação Mais Alta e a Cotação Mais Baixa
do ano. O Year To Date é a variação de cotação entre a última
sessão em que o valor transaccionou no ano transacto e a última cotação. Ele dá uma
ideia imediata da performance da acção no ano corrente. O Turnover Médio por
Sessão no Ano indica mais ou menos a liquidez do título no ano corrente. Se
notar que este valor aumentou consideravelmente no ano corrente, pode ser um sinal de que
a empresa está a despertar mais interesse. A Frequência de Transacção no Ano
é outro bom indicador de liquidez, indica a percentagem de sessões de Bolsa em que a
acção transaccionou. Prefira valores de 100% ou, pelo menos, acima de 98%.
Note que estes dados e rácios Não Dependentes do Balanço também são aplicáveis a
índices e outros valores, não apenas a acções.
2. Rácios Económico-Bolsistas ou Dependentes do Balanço
Estes são calculados exclusivamente para acções de empresas. Se você estiver a vê-los
para um índice ou outro valor deverão aparecer com "ND" que significa Não
Disponível.
Sobressaem o PER - Price Earnings Ratio e o PERc - Preço /
Resultado Líquido Corrigido. Ambos são dados pela cotação dividida pelo lucro
por acção mas o segundo tem em conta o Lucro Corrigido ou Resultado
Líquido Corrigido, que retira os efeitos dos Resultados Extraordinários
nos lucros e permite assim uma análise mais rigorosa (veja também Significado
e Interpretação dos Rácios Económico Financeiros). De uma maneira geral é
preferível analisar as empresas com o PERc do que com o PER, porque a análise fica
independente dos Resultados Extraordinários. É importante que o fique porque estes
últimos, por definição, não resultam da actividade normal da empresa e, portanto,
dificilmente nos dizem alguma coisa sobre a capacidade de a empresa gerar lucros no
futuro.
Olhe para os Dados Económico-Financeiros da empresa e veja se os
lucros operacionais estão a subir ano após ano a um bom ritmo. Se estiverem será
admissível um PERc mais elevado, de 25 a 30, ou mesmo mais de 30, se o crescimento for
muito alto. Se os resultados estiverem a crescer pouco é mais correcto um PERc de 15 a 25
e se estiverem em estagnação de 7 a 15. Veja aqui mais sobre Como
interpretar o PER.
O POER - Price to Operational Earnings Ratio é o rácio entre a
cotação e os lucros operacionais. Não se deve fazer caso dele pois uma empresa pode
aumentar instantaneamente os seus lucros operacionais se adquirir outra a crédito; o POER
ficaria logo muito baixo sem a empresa valer mais (já que tinha pago um preço
presumivelmente justo pela aquisição).
O PCF - Price to Cash-Flow Ratio é importante. Um PCF de 4 indica que o Cash-Flow
da empresa paga o valor da acção em 4 anos. Cash-Flow não é lucro, pois tem que se lhe
descontar as Amortizações e Provisões mas, de qualquer maneira, indica
a capacidade de gerar lucro. Suponha uma empresa que teve lucros muito baixos (digamos,
100 contos) e um Cash-Flow de 1 milhão de contos. Nesse caso o PER poderá ser de
milhares e o PCF terá um valor razoável, digamos 5. O PER, nesse caso, não tem qualquer
significado (tanto faz ser 5000 como 8000 como -10000) já que se calcula em função de
um lucro muito baixo que não tem extrapolação para o futuro e o PCF será um indicador
muito mais importante do que o PER. Neste caso, compare o PCF da empresa com outras do
mesmo sector. Prefira empresas para as quais o PCF seja consideravelmente mais baixo do
que o PER (ou, por outras palavras, em que o Cash-Flow seja bastante superior ao lucro).
O PCER - Price to Cash Earnings Ratio é ainda mais importante que o PCF,
pois é o rácio entre a cotação e os Cash Earnings por acção que, ao
contrário do Cash-Flow, não incluem Resultados Extraordinários. Por isso uma análise
do valor de uma acção em termos de Cash-Flow é mais bem feita através do PCER do que
através do PCF. No entanto, o que dissemos no parágrafo anterior sobre o PCF aplica-se
ao PCER também.
O PEBD - Price to EBITDA Ratio é o rácio entre a cotação e a EBITDA
ou Cash-Flow Operacional. Não faça grande caso deste indicador, tem o
mesmo inconveniente do POER.
O PBV - Price to Book Value Ratio, é a relação entre cotação e Valor
Contabilístico ou Book Value ou Situação Líquida por
acção. Indica o quanto a cotação está acima do valor patrimonial da empresa.
É normal empresas com forte RCP - Rentabilidade dos Capitais Próprios
terem PBV muito altos (mesmo mais de 10). O PBV fornece indicações sobre o risco da
empresa. Clique aqui para saber a interpretação deste
importante indicador.
O GDY - Gross Dividend Yield e o NDY - Net Dividend Yield
são os rendimentos proporcionados pelos Dividendos pagos à acção, ou
Dividendo por acção a dividir pela cotação. O NDY tem em conta o dividendo líquido de
impostos. Se desejar acrescentar estabilidade à sua carteira, compre acções com yields
altos, acima de 5%. No entanto, em geral, empresas com yields baixos também são boas,
pois geralmente têm mais potencial de crescimento.
Examine com atenção o Dividend Yield médio do mercado. Nas alturas em que ele sobe
bastante, após mercados baixistas prolongados e em que se torna mais elevado do que o
yield das obrigações, costuma-se estar em vias de uma subida generalizada da Bolsa.
Aconteceu isso em meados de 1989, meados de 1993 e fins de 1995, na nossa Bolsa.
Rotatividade do Capital - É a percentagem do capital da empresa que muda
de mãos na Bolsa num ano (extrapolado a partir do Turnover Médio por Sessão do ano
corrente). Valores altos indicam um free-float (percentagem do capital disperso
por pequenos accionistas) também alto. Útil para se ter uma ideia de quais acções têm
maior free-float. No entanto a exposição da acção ao day-trading também
aumenta este valor.
Capitalização Bolsista - é o valor de mercado da empresa ou cotação
multiplicada pelo número de acções. Um "M" indica que está em milhões de
euros. A ordem das Capitalizações deverá corresponder, grosso modo, à ordem de
importância das empresas na economia. Desconfie de grandes capitalizações de empresas
com poucos empregados e pouca influência política. Compare as capitalizações com os
volumes de vendas. Desconfie de empresas com altas capitalizações e volume de vendas sem
corresponder.
EV - Enterprise Value - é o "Valor do Empreendimento" ou Capitalização
Bolsista somada ao Passivo Remunerado e ao valor de mercado dos Interesses
Minoritários. Para calcular este último multiplicam-se os Interesses
Minoritários pelo PBV da empresa (veja a página de Dados
Económico Financeiros). Por exemplo: se um investidor comprar uma empresa pelo valor
da sua cotação, pagará a Capitalização Bolsista (exemplo: 100 ME), assumirá os
Passivos Remunerados da empresa (exemplo: 50 ME) e estará a gerir um empreendimento com
participações em várias outras empresas incluídas na consolidação. A parte dessas
participações que pertence aos respectivos accionistas minoritários é o item
Interesses Minoritários (exemplo: 5 ME). Suponhamos que a empresa tem um PBV de 3.
Aplica-se esse factor aos Interesses Minoritários e obtém-se 3 * 5 = 15 ME para o valor
destes a preços de mercado. Somando tudo, temos o EV = 100 + 50 + 15 = 165 ME. Este é o
"Valor do Empreendimento" associado à empresa. O EV abarca, não apenas o valor
da empresa, mas também o valor das participações minoritárias nas empresas incluídas
na consolidação e a dívida remunerada.
EV/EBITDA - É o rácio entre o EV e o EBITDA da empresa, um indicador
importante. São normais valores entre 7 e 12 para as empresas com forte crescimento e
entre 4 e 7 para as de menor crescimento. Prefira EV/EBITDA baixos.
EV/EBIT - É o rácio entre EV e Resultados Operacionais. Prefira os
EV/EBIT baixos.
PEVR - Price to Enterprise Value Ratio - É o rácio entre a cotação e
o Enterprise Value por acção, geralmente abaixo de 1. Não faça grande caso deste
indicador.
Se estiver interessado, consulte a nossa Lista de Bibliografia
Relevante.
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