Significado e Interpretação dos Rácios
Económico-Financeiros
Os Rácios Económico-Financeiros são os que constam na tabela da página anterior. É
importante ler também a página do Significado e Interpretação
dos Dados Económico-Financeiros, ela também explica o significado de muitos
destes rácios.
A Solvabilidade, Endividamento e Autonomia
Financeira contêm, basicamente, a mesma informação:
Solvabilidade (SOLV) = Situação Líquida /
Passivo
Endividamento (ENDIV) = Passivo / Activo
Autonomia Financeira (AF) = Situação Líquida / Activo
Como interpretar a Autonomia Financeira ou a Solvabilidade? Muito baixas significa que há
maior perigo de falência em geral. No entanto isto depende muito de sector para sector.
Por exemplo, os bancos têm tradicionalmente uma AF baixa por a maior parte do Activo ser
constituída pelos depósitos dos clientes. Um bom uso para a AF é ter muito cuidado com
empresas com AF baixa que acabaram de descer muito em Bolsa. Se a empresa estiver muito
endividada em relação aos seus capitais (AF baixa) os potenciais efeitos de uma crise
são piores, pelo que deverá ter o máximo cuidado, mesmo que a cotação já tenha
descido muito. Uma AF abaixo de 0.20 envolve riscos acrescidos. Uma AF acima de 0.50
indica grande solidez de uma empresa, risco baixo.
Estrutura do Endividamento = Passivo de Curto Prazo / Passivo
Peso do Endividamento de Longo Prazo = Passivo de Médio e Longo Prazo /
Activo
Uma Estrutura do Endividamento alta indica mais riscos de dificuldades de tesouraria para
a empresa, já que uma parte maior do passivo tem um prazo mais curto para ser pago. Tome
cuidado com empresas que estejam a meio de uma crise e tenham um valor elevado deste
indicador.
Liquidez Geral = Activo Circulante / Passivo de Curto Prazo
Uma Liquidez Geral alta (de preferência maior que 1) indica que os fundos facilmente
utilizáveis pela empresa (cash, contas bancárias, títulos, e outros activos
circulantes) cobrem as dívidas de curto prazo, pelo que há poucos riscos de problemas de
tesouraria sérios. Veja também o Fundo de Maneio (página dos Dados Económico-Financeiros), é um indicador que gira em torno do
mesmo conceito.
Rentabilidade dos Capitais Próprios (RCP) = Lucro / Situação Líquida
do ano anterior.
Rentabilidade das Vendas (RV) = Lucro / Vendas
Rentabilidade Operacional das Vendas (ROV) = Resultados Operacionais /
Vendas
Rentabilidade do Activo (RAC) = Lucro / Activo
Destes rácios, a RCP e a ROV são as mais importantes. A RCP merece um destaque especial:
Os Resultados Líquidos ou Lucro Líquido são aquilo
que uma empresa ganha num ano, depois de descontar amortizações de equipamento, pagar
despesas (ordenados, juros de dívidas, etc) e pagar o imposto sobre os resultados. Quanto
maior o seu valor, mais se justificará uma capitalização alta da empresa. Os lucros
anuais servem, em parte, para pagar Dividendos aos accionistas, e em
parte para reinvestir. A parte que não é distribuída incrementa, em cada ano, a Situação
Líquida ou Capitais Próprios da empresa. Está a pensar
investir num negócio? Se sim, essa decisão só valerá a pena se ganhar nesse negócio
uma percentagem de lucro anual sobre os capitais investidos superior ao que obteria com
aplicações sem risco (obrigações do tesouro). Por isso, uma empresa deverá apresentar
um rácio entre lucros e situação líquida (a tal RCP - Rentabilidade dos
Capitais Próprios, ou ROE - Return on Equity). Prefira empresas
cuja RCP é superior à taxa de juro das obrigações do tesouro. Prefira empresas em que
esta boa situação se tenha mantido durante vários anos. Veja também o PBV -
Price Book Value e o PER - Price Earnings Ratio, nos Rácios Económico Bolsistas.
Tome em atenção também o rácio entre os Resultados Operacionais e as Vendas (a ROV
- Rentabilidade Operacional das Vendas ou Margem Operacional).
É melhor que esta esteja a aumentar de ano para ano, ainda que ligeiramente pois, se
diminuir, isso significa que a empresa está a enfrentar concorrência que a obriga a
descer os preços de venda dos seus produtos ou que as matérias primas ou de consumo
utilizadas na produção subiram de preço. Prefira que esta ROV seja entre 5% e 20%, pois
menos indica perigo de a margem se tornar negativa e mais poderá não ser sustentável.
Payout Rate = Dividendos distribuídos / Lucros
Não faça muito caso da Payout Rate, pois empresas que pagam a maior parte do lucro para
dividendos são, muito provavelmente, empresas em que a própria administração já não
acredita que valha a pena reinvestir os lucros no negócio. Isso está associado,
geralmente, a crescimentos esperados baixos. Por vezes, são as empresas que pagam menores
parcelas de lucro para dividendos que mais sobem, por se estimar altos crescimentos de
lucros. Veja também o Dividend Yield nos Rácios
Económico-Bolsistas.
Margem EBITDA = EBITDA / Vendas
Esta margem indica grosso modo a capacidade das Vendas gerarem Cash Flow. Por vezes, nas
projecções financeiras, determinam-se as vendas numa data futura, aplica-se a Margem
EBITDA considerada típica do sector em questão e obtém-se assim o EBITDA
(Cash-Flow Operacional), o que permite uma estimativa dos lucros nessa
data futura.
O Imposto sobre o Lucro (IRC) em percentagem que as empresas pagam
realmente acaba por ficar bastante aquém do que deviam pagar, pois servem-se de
subterfúgios como operações nas zonas offshore. No entanto o feitiço pode virar-se
contra o feiticeiro pois, se o enquadramento fiscal apertar, empresas que conseguiam pagar
apenas 7 a 10% sabe-se lá como (é o caso dos grandes bancos portugueses actualmente),
poderão ter que pagar bem mais, o que diminuirá o lucro líquido e, consequentemente, o
valor das acções.
O Período de Recuperação da Dívida tem um "a" a seguir que
significa "anos". Representa o Passivo / Cash-Flow, ou seja, o número de anos
que a empresa levaria a liquidar a sua dívida servindo-se para isso do dinheiro libertado
(Cash-Flow) pela sua actividade. Prefira valores baixos, de 2.5 a 4 anos.
Seguem-se alguns rácios que mais não são do que os correspondentes Dados
Económico-Financeiros a dividir pelo Número de Acções: Dividendo por Acção,
Lucro por Acção, etc. Veja, sobre eles, a página do Significado dos Dados Económico Financeiros. Um "E"
significa que estão em euros, um "c" em contos. Ao fazer quaisquer
comparações entre colunas (anos) tenha em conta que o Número de Acções pode ter
mudado de um ano para outro (devido a aumento de capital, split, etc) o que invalidará as
ditas comparações.
O Valor Contabilístico por Acção ou Book Value é a
Situação Líquida a dividir pelo número de acções. Trata-se de um indicador
importante. Sobretudo é importante o rácio entre cotação e Book Value, ou PBV
- Price Book-Value Ratio. Veja o Significado e
Interpretação dos Rácios Económico-Bolsistas.
Finalmente aparecem rácios por trabalhador, correspondentes a dados económicos a dividir
pelo número de trabalhadores. O mais importante é a Produtividade, ou Valor
Acrescentado Bruto / Número de Trabalhadores. Convém que
esteja a crescer ao longo dos anos. Interessante comparar este rácio entre várias
empresas do mesmo sector. Empresas com maior produtividade terão uma grande vantagem
competitiva a prazo.
Se estiver interessado, consulte a nossa Lista de Bibliografia
Relevante.
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